Não sou grande exemplo mas quero um filho "perfeito"
Bom dia O meu filho tem 8 anos, pesa 48kg e mede 1.40m. Penso que estará com peso a mais e também sei que não tem idade para começar com dietas. Em casa tento dar uma alimentação saudável, mas é difícil pois ele não gosta de legumes e não sei o que fazer. Depois quando se apanha fora de casa e vê outras coisas abusa um bocado. Comecei por lhe dizer que nao pode comer tanto, mas acho que ainda é pior. Ele nasceu com quase 5kg e tem sido sempre uma criança cheiinho, mas começo a preocupar-me com o futuro dele. Como devo ajudá-lo e fazer com que ele coma aquilo que diz não gostar e que é o que lhe faz melhor, pois ele come carne e peixe, massas e arroz, mas verdes nao é com ele e frutas só banana é que lhe enche o olho e o peso!!!
Depois eu também não sou grande exemplo, também tenho uns kilinhos a mais e gosto de comer. Começamos agora a fazer uma caminhada todos os dias, mas temo que com a chegada do outono não seja assim tão fácil. Obrigado Bjs
RESPOSTA
Querida Paula,
Desculpe o atraso mas não posso responder a tanto email e quando vejo que o tema ainda por cima já foi abordado no Blog, ainda mais para o fim fica. Já leu os posts sobre obesidade infantil no blog? Ajudaram a diminuir o seu stresse?
A ideia não é que o seu filho faça dieta ou seja magro mas sim saudável. Por isso invista nessa caminhada diária, quer seja Outono Veerão ou Inverno - não há casacos para o frio e t-shirts para o calor?? Vá a horas de menos frio e menos calor. O que lhe falta é motivação, mas isso arranja-se caminhando, pois é com o bem estar duma caminhada de 10 minutos que se arranja motivação para uma de 11, e depois 12, e depois 30 minutos... Vim agora mesmo duma de 1h20 min, e soube-me muito bem.
Não faça guerra com as couves... Ou já não se lembra de quanto terrível era os seus pais obrigarem-na a comer brócolos e pimentos quando era pequena? O melhor a fazer é ir comendo e mostrando diariamente pelo exemplo; ele com o passar dos dias terá curiosidade espontânea em querer experimentar (mas não insista!)
"Comer... é mais do que decidir o que e quanto comer. Alimentar... é mais do que escolher as comidas e dá-las a uma criança. Comer e alimentar... reflecte a história das pessoas, as suas relações com os outros e com elas mesmas. Alimentar uma criança é criar laços entre pais e filhos, é confiar ou controlar, é dar ou negligenciar, é aceitar ou rejeitar. Comer é criar ligações com os nossos corpos e com a própria vida. Comer pode ser agradável, com muita alegria e vitalidade, ou pode ser terrível, minado pelo controlo e pelas restrições." (Ellyn Satter)
Note bem os contrastes confiar/controlar, dar/negligenciar, aceitar/rejeitar. No que toca ás crianças é realmente importante aprender a confiar nelas (i.e., deixá-las comer a quantidade que elas entenderem, dentro das escolhas alimentares que os pais fazem, e no local e à hora que os pais ditarem; portanto, confiar que elas se auto-regularão), sendo o reverso o controlo (que, como sabe, e se ainda se lembra de quando era controlada(o), dá sempre mau resultado). É igualmente importante aprender a aceitar as crianças nos seus variados tamanhos e feitios. Elas não têm culpa da pressão excessiva para a magreza da nossa sociedade, que inclui todas as mães com problemas de comportamento alimentar... e que, por sua vez, pode vir a afectar o seu comportamento alimentar.
Daí a importância de se manter, à mesa (e não só), um ambiente agradável, pois comer deve ser uma experiência agradável!
Madalena Muñoz
site: www.madalenamunoz.com