A mentalidade de dieta é um dos obstáculos mais difíceis de derrubar no processo de ganhar uma atitude saudável para com a comida, mas esta tarefa é das mais cruciais para o sucesso do emagrecimento eficaz e permanente.
Sabendo que quanto mais queremos emagrecer mais nos focamos em comida, vamo-nos afastando cada vez mais do nosso objectivo! Temos de arranjar maneiras de parar de pensar tanto naquilo em que menos queremos pensar: em comida! Posto isto,
veja o que aconteceu à Joana e aprenda o que pode fazer por si.
Conheça a dietista crónica
A Joana tem 35 anos e é uma jovem saudável que toda a vida fez dieta. Agora, com 75 quilos e 37% de massa gorda, numa estatura média de 1,60 m de altura, pensa que "mais valia ter estado quieta" quando há dez anos fez uma dieta drástica usando medicamentos selvagens, prescritos por um médico nuestro hermano sem "escrúpullon", pois com 65 quilos "não gostava dos pneuzinhos aqui no meio". Desde então fez inúmeras outras tentativas, e mais recentemente a muito popular "Desgraça 10" (das ervanárias), sem sucesso duradouro e com aumentos de peso ainda maiores finda cada dieta. Decidiu então que almoçaria diariamente num dos muitos supermercados ditos saudáveis, o "Acelareiro" mas quando eu soube o que come lá, não me admirei de não ter emagrecido nada. Almoça maioritariamente vegetariano, um princípio louvável, mas à base de fritos, panados, quiches, empadas e folhados, e no final não dispensa uma sobremesa de soja. Ou seja, finalmente tomou a iniciativa de almoçar num sítio "saudável" (supostamente), e nem isso a ajudou! Compreensivelmente está desesperada, sem saber o que fazer, o que comer, quanto e quando comer. Está até com medo de comer! Contudo, tem excesso de peso e só pensa em emagrecer, e acha que só com dietas e força de vontade vai lá.
1ª consulta comigo (nutricionista): O que gosta de comer?
Pedi à Joana que escrevesse tudo aquilo que gosta de comer. Não foi assim tão simples esta tarefa, porque tinha alguma dificuldade em discernir entre o que gostava mesmo e o que era suposto comer. Passados poucos minutos, pedi-lhe que escrevesse quais os alimentos, dessa lista, que considerava "bons" e "maus". Ela assim fez, apercendo-se que seccionava (mentalmente) a comida e expliquei-lhe como essa divisão lhe era prejudicial, pois quando em dieta só comia dos "bons", e quando parava com a dieta só comia dos "maus". E tinha este comportamento de extremos ironicamente por acreditar que esta divisão lhe era útil e indispensável para o controlo alimentar!
Estava tão enganada quanto todas as pessoas que assim continuam a fazer e que se restringem demais (dos "maus") para depois exagerarem, ao passo que se nunca tivessem havido alimentos "maus" nunca haveria a necessidade de "matar saudades", com o exagero característico de quem reage à restrição.
O seu trabalho de casa: sentir a liberdade da comida. Ou seja, comer consoante uma só lista, a lista que fez em consulta chamada "O que a Joana gosta e pode comer". (A única coisa que é proibido comer é veneno de ratos!)