Obesidade Infantil 9 anos - divisão das responsabilidades entre pais e filhos
Tenho uma menina com 9 anos, nao sendo muito alta pesa 38kg.
Eu gostaria de conseguir ajuda-la a perder algum peso, pois a minha menina tem muitos problemas de auto estima ,esta sempre a dizer que é feia, que é muito gorda, e eu propria por vezes cometo erros ao tentar chama-la atenção constantemente para ela nao comer o que lhe faz fal (pelo meu entender)
Os amiguinhos na escola estao sempre a goza-la a dizer que ela é gorda e que é feia e ela chora muitas vezes triste porque nao consegue controlar o apetite.
Ela é muito inquieta, nervosa ,mas nao é hiperactiva porque a psicologa da escola ja lhe fez uns testes de avaliação nesse sentido.
Sente-se muito infeliz !
E eu gostaria de lhe fazer uma dieta alimentar ...mas ....tenho medo de fazer alguma coisa errada e prejudicar-lhe ainda mais a saude .
Resposta
Querida mãe preocupada,
Fez muito bem em escrever pois a polémica da obesidade infantil é delicada e merece muita atenção.
1) faz bem em NÃO pô-la a fazer dieta.
Os pais que limitam a quantidade de alimento a uma criança que ainda não está satisfeita, causam no seu filho um receio inapropriado e prejudicial: “terei eu suficiente que comer?” Em estado de alerta, a criança pode passar a comer demais sempre que puder (e isto é uma questão de tempo), e isso desregulariza o seu mecanismo interno de fome e saciedade, o que pode levar a que fique gorda ou obesa.
2) Há certas regras de ouro da divisão das responsabilidades alimentares que devem ser respeitadas, são elas:
2a) Aos pais compete decidir:
- o que se come nas refeições,
- onde e
- quando (para crianças a partir do ano de idade até à adolescência)
2b) À criança e ao adolescente compete decidir:
- a quantidade que come, e se é que come.
2c) Se os pais não confiarem na capacidade de regulação dos seus filhos, e interferirem na sua alimentação, as refeições tornar-se-ão um campo de batalha e o peso deles não irá melhorar, antes pelo contrário.
3) Faça refeições em família.
Proporcionam apoio emocional e social – os filhos gostam do tempo passado com os pais, gostam da atenção que recebem, pois dão-lhes valor e sentido de respeito.
Não estrague o ambiente familiar sendo demasiadamente controlador do que eles comem e quanto comem!
4) Para a idade e peso ela está no percentil 90. Importa saber se tem sido sempre esta a curva de crescimento ou o que aconteceu para se ter alterado. Importa saber qual o percentil da altura. Salvo em casos em que há uma anormal subida, ou descida, de peso para a idade para essa criança, o desenvolvimento deve ser considerado normal. Não esquecer que elas vêm ao mundo em vários tamanhos, há que respeitar a natureza.
5) Importante:
“Comer... é mais do que decidir o que e quanto comer. Alimentar... é mais do que escolher as comidas e dá-las a uma criança. Comer e alimentar... reflecte a história das pessoas, as suas relações com os outros e com elas mesmas. Alimentar uma criança é criar laços entre pais e filhos, é confiar ou controlar, é dar ou negligenciar, é aceitar ou rejeitar. Comer é criar ligações com os nossos corpos e com a própria vida. Comer pode ser agradável, com muita alegria e vitalidade, ou pode ser terrível, minado pelo controle e pelas restrições.” E. Satter
Vá com calma e se precisar de mais ajuda venha cá falar comigo, mais a sua filha.
1 beijinho para cada uma,
Madalena